Especial Dia Internacional da Mulher


Esse é o segundo ano que eu vejo mulheres usando esta data para protestar nas redes sociais (nesse momento  #NãoQueroFlores e Maria da Penha estão nos TT's no twitter). Além  das mensagens fofinhas de todo ano, hoje eu já vi videos falando sobre grandes inventoras, escritoras, feministas e feminismo, além de casos de mulheres que sofreram e sofrem com violência doméstica e todo o tipo de consequência do machismo e outras milhões de coisas. 
Percebi que esse ano, além de dizer "não me dê flores, me dê respeito", as mulheres estão usando esse lindo espaço que é a internet para educar, para mostrar que Feminismo não é "mimimi" e explicar para quem ainda não entendeu que o movimento não prega a superioridade feminina e sim a igualdade entre os gêneros.
Apesar de termos um mooooonte de informações ao nosso alcance, eu ainda escuto de muitas mulheres que feminismo prega "pêlo por todo o corpo" e "morte aos homens" e fico me perguntando porque as pessoas não procuram saber mais sobre o assunto antes de criticar? Porque reproduzir o discurso do outro sem nem saber do que está falando?
Por isso eu resolvi trazer no post de hoje uma lista de livros sobre o feminismo ou com temáticas feministas.

1. Reivindicação Dos Direitos Das Mulheres (Mary Wollstonecraft): Primeira obra feminista, este tratado publicado em 1792, ainda se encaixa no debate contemporâneo. Mary Wollstonecraft, em resposta a figuras renomadas como Jean-Jacques Rousseau, John Gregory e James Fordyce, argumenta em direção à necessidade de educação e autonomia das mulheres. Sua posição equilibrada e ainda marcada pelos traços culturais de sua época retratam uma mulher religiosa, esposa e mãe; contudo, revoluciona ao exigir que, pelo seu comportamento racional e respeitoso, a mulher merecia os mesmos direitos que seus companheiros. Uma de suas bandeiras também foi o amor livre, casou-se com o filósofo William Godwin, um dos pais do movimento anarquista. Morreu 10 dias após dar à luz sua segunda filha, Mary Wollstonecraft Godwin, que também se tornaria uma escritora, com o nome de Mary Shelley, a autora de Frankenstein.

2. O Segundo Sexo (Simone de Beauvoir): Provedora, vassala, acolhedora. Não importa como se apresenta, o lugar da mulher sempre foi definido pelo homem. Este configura a posição central na sociedade. O homem - que tomou para si a definição de 'ser humano' - relega à mulher uma posição secundária, um papel de coadjuvante na História. Foi a partir dessa constatação e da pergunta 'o que é uma mulher?' que a filósofa existencialista Simone de Beauvoir deu início à sua reflexão para escrever 'O Segundo Sexo'. A preocupação contudo não foi em equiparar um gênero a outro. Para ela, isso seria demasiado simplista, inclusive porque o homem é 'um ser absoluto', enquanto a mulher ainda não o é. Simone de Beauvoir procurou compreender de que maneira a mulher ocupou, ou a fizeram ocupar, essa posição de 'segundo sexo' em diferentes sociedades, como ela se coloca no mundo e como contribui para essa configuração social.

3. Mística Feminina (Betty Friedan): O livro foi lançado em 1963, como resultado das pesquisas da autora sobre o estilo de vida estadunidense que incentivava a mulher a ser apenas dona-de-casa e viver em função do marido e filhos. 
Ao expor o incentivo ao consumismo desse sistema e mostrar que a vida dessas mulheres era fonte de inúmeros problemas sociais e psicológicos devido à anulação da personalidade feminina e descarga de frustrações em outras pessoas, o livro ajudou a impulsionar a segunda onda do feminismo.

4. Sobrevivi, posso contar (Maria da Penha): O livro de Maria da Penha relata a vida da autora que sofreu uma cruel, dolorosa e covarde violência. Maria da Penha oferece sua história generosamente a toda sociedade, como uma forma de contribuir com transformações urgentes, pelos direitos das mulheres a uma vida sem violência. História que muito tempo depois a tornou protagonista de um caso de litígio internacional emblemático para o acesso à Justiça e para a luta contra a impunidade em relação à violência doméstica e familiar contra as mulheres no Brasil. Ícone dessa causa, sua vida está hoje também simbolicamente subscrita e marcada sob a lei nº 11.340 ou lei Maria da Penha. Este livro proporciona muito mais do que a história de violência contra uma mulher. Revela um fenômeno social, político, cultural e ideológico que afeta de forma grave e desproporcional muitas mulheres.

5. Política Sexual (Kate Millett): Depois da publicação deste livro (vários milhões de exemplares vendidos), que reproduz uma brilhante tese de doutoramento apresentada pela autora na Universidade de Colúmbia, Kate Millett passou a ser considerada uma das principais teóricas do chamado movimento de libertação das mulheres, que tantas polêmicas tem suscitado em todo o mundo. No centro da tese que apresenta encontra-se a afirmação de que não existem, para além das características genitais, diferenças entre os dois sexos. "Masculino" e "feminino" não seriam mais do que "condicionamentos culturais" cuja formação e desenvolvimento a autora procura desvendar recorrendo para isso à História, à Psicologia e à Literatura.

6. Sejamos Todos Feministas (Chimamanda Ngozi Adichie): O que significa ser feminista no século XXI? Por que o feminismo é essencial para libertar homens e mulheres? Eis as questões que estão no cerne de Sejamos todos feministas, ensaio da premiada autora de Americanah e Meio sol amarelo."A questão de gênero é importante em qualquer canto do mundo. É importante que comecemos a planejar e sonhar um mundo diferente. Um mundo mais justo. Um mundo de homens mais felizes e mulheres mais felizes, mais autênticos consigo mesmos. E é assim que devemos começar: precisamos criar nossas filhas de uma maneira diferente. Também precisamos criar nossos filhos de uma maneira diferente."Chimamanda Ngozi Adichie ainda se lembra exatamente da primeira vez em que a chamaram de feminista. Foi durante uma discussão com seu amigo de infância Okoloma. Não era um elogio. Percebi pelo tom da voz dele; era como se dissesse: Você apoia o terrorismo!. Apesar do tom de desaprovação de Okoloma, Adichie abraçou o termo e em resposta àqueles que lhe diziam que feministas são infelizes porque nunca se casaram, que são anti-africanas, que odeiam homens e maquiagem começou a se intitular uma feminista feliz e africana que não odeia homens, e que gosta de usar batom e salto alto para si mesma, e não para os homens. Neste ensaio agudo, sagaz e revelador, Adichie parte de sua experiência pessoal de mulher e nigeriana para pensar o que ainda precisa ser feito de modo que as meninas não anulem mais sua personalidade para ser como esperam que sejam, e os meninos se sintam livres para crescer sem ter que se enquadrar nos estereótipos de masculinidade. Sejamos todos feministas é uma adaptação do discurso feito pela autora no TEDx Euston, que conta com mais de 1 milhão de visualizações e foi musicado por Beyoncé.
7. Minha História das Mulheres (Michelle Perrot): Essa é a obra mais acessível e instigante da historiadora Michelle Perrot. Nasceu de um programa de rádio francês que fez enorme sucesso ao divulgar com clareza e entusiasmo, para um público de não especialistas, o conteúdo de mais de 30 anos de pesquisas e reflexões acadêmicas. Transformado em livro, depois traduzido e publicado no Brasil pela Editora Contexto, narra em cinco capítulos o processo da crescente visibilidade das mulheres em seus combates e suas conquistas nos espaços público e privado. Mães e feiticeiras, trabalhadoras e artistas, prostitutas e professoras, feministas e donas-de-casa e muitas outras personagens femininas fazem parte desse relato sensível e atual de uma das pesquisadoras mais conceituadas da história das mulheres. 

8. O Mito da Beleza (Naomi Wolf): Liberada, profissionalmente capaz de competir com os homens em todos os níveis, ativa, apta a lidar com a dupla jornada - trabalho e lar -, a mulher de hoje enfrenta, na realidade, uma tripla jornada. Nas horas de folga de suas múltiplas atribuições, ela investe obsessivamente em sua beleza, para manter a juventude e a formosura que lhe permitirão preservar justamente trabalho e lar.Versão moderna dos controladores sociais instituídos pela Revolução Industrial, o mito da beleza não deixa a mulher vencer seu maior dilema: o espelho nem sempre lhe retornar as imagens que a pornografia e a publicidade instituíram como os novos símbolos do sagrado.
Com O mito da beleza, Naomi Wolf surpreende quem achou que a mulher havia percorrido todos os caminhos possíveis e reatualiza as trilhas apontadas por pioneiras como Gloria Steinem e Germaine Greer.


9. Como se ensina a ser menina – o sexismo na escola (Montserrat Moreno): Estamos habituados a pensar segundo uma concepção androcênica - o homem como ser humano e "masculino" no centro dos acontecimentos.
Ao longo das investigações que conduziu, Montserrat Moreno pôde verificar a presença do sexismo na escola e, consequentemente, no ensino. Mas acredita na possibilidade de superação deste quadro. Segundo ela, as grandes realizações da humanidade foram, em algum momento, utopias e, para construí-las, foi necessário um dia sonhar.
Ela vai a fundo em sua análise e propõe que a escola rechace e critique todo pretenso fundamento científico em nome do qual se discrimina a mulher, como uma forma de romper a cadeia de transmissão do androcentrismo.

Também tem outros livros sobre o tema aqui e aqui e para download desses e outros clique aqui.

Esses são só alguns dos inúmeros livros sobre o tema e ao longo do ano eu pretendo postar mais alguns por aqui. Se alguém tiver sugestões de livros (ficcionais ou não) sobre o tema, deixa no comentário. ^^


Comentários

  1. Oláá
    Amei as indicações de livros, é uma excelente maneira de recordar o Dia Internacional das Mulheres, o livro 1 e o 9 eu ainda não conhecia, mas já tá anotadinho aqui!
    Bjoos

    Jovem Literário

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  2. Esse é um dos dias mais bonitos pra se comemorar, mas é bom que as pessoas pesquisem antes de sair fazendo protestos porque nem tudo é como parece.
    Post it & Livros

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    1. E o que bem tem é onde pesquisar, basta ter interesse. ^^
      Beijo

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  3. Oiii Dani, tudo bem????
    Adorei a postagem =D
    Destes só conhecia "Sejamos Todos Feministas" que eu adoro, achei simplesmente o máximo. Mas já deixei a postagem como favorita aqui para pesquisar mais sobre os outros. Mas um dos que mais me atraíram foi: Como se ensina a ser menina – o sexismo na escola . Nesta semana fiz uma visita a uma escola e fiquei pensando bastante sobre isso. Mas fico feliz em dizer que esta escola está dando novas visões para meninas e meninos :)

    "Uma das coisas mais bacanas de ser escritor é sentir aquela sensação de dever cumprido, de que há esperança, de que as coisas podem sim melhorar e de que a literatura - digam o que quiserem - pode sim mudar o mundo. Recentemente tive (mais uma vez) esta experiência. Fui visitar uma turminha que estava trabalhando com o meu livro "Se eu fosse a Cinderela" em sala de aula. Para quem ainda não conhece esta história, ela fala da Cinddy, uma menina que está cansada do padrão "Princesa quer um príncipe para ser feliz". Uma das atividades produzidas pelos alunos, era completar a frase: "Se eu fosse a Cinderela eu..." Fiquei muito feliz ao perceber que em meio a respostas como "Eu casaria com o príncipe" e "Eu viveria feliz para sempre com o príncipe" também haviam respostas como "Eu iria viajar pelo mundo" , "Eu iria a muitos bailes" , " Eu teria muitos vestidos". Não porque as meninas não possam querer um príncipe. Eu mesma, 22 anos, super feminista, acredito em príncipes (reais e imaginários) e não há problema algum nisso. O bacana mesmo, foi ver meninas tão novas percebendo que há muitas outras opções além de encontrar um príncipe. Que talvez dançar em um baile, vestir um sapatinho, ou mesmo se esconder em uma abóbora já é um conto de fadas." Sobre esta visita.

    E acho realmente importante obras que falam sobre isso e sobre o que é realmente o feminismo. Tipo, você pode sim se depilar e pode sim querer o marido. Só é importante que você saiba que essa não é uma obrigação. Que mulher não é forte porque aguenta o "problema" de ter que ficar linda todos os dias. Porque não precisamos ficar lindas todos os dias. Não precisamos ficar lindas dia alguém se não quisermos. Só precisamos ser nós mesmas, aceitar nossas irmãs, aprender e desconstruir sempre.
    Mas sabe, pelo que vi na escola, ainda que em passos de formiguinha, acredito que chegaremos lá :)
    Por mais postagens como essa =D
    Um beijão
    http://profissao-escritor.blogspot.com.br/

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    1. Oi, Gis!
      É exatamente isso que eu venho repetindo desde de o "bela, recatada e do lar". As pessoas ficam dizendo que feminista é contra as mulheres que sonham em ter um marido, filhos e gostam de cuidar da casa e tal, quando na verdade o feminismo só quer que as mulheres tenham o direito de escolha. Ela pode sim ser dona de casa, sonhar com uma familia tradicional e tal, mas ela TAMBÉM pode ser engenheira mecatrônica e nunca querer casar e ter filhos ou ser engenheira e querer uma familia tradicional. Enfim, feminismo quer o direito de escolha, quer que a mulher possa decidir a própria vida sem ser oprimida e desrespeitada por isso.

      Beijo

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