Dias Perfeitos – Raphael Montes

Título: Dias Perfeitos
Autor: Raphael Montes
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 274

"Téo gostou de seus bons modos e concordou. Havia trazido o Vogue de menta. Esticou o braço e abriu o porta-luvas, pois Clarice tinha as mãos amarradas para trás, ao redor do banco. Pôs o cigarro na boca dela e acendeu o isqueiro. Abriu uma fresta na janela para que a fumaça escapasse." (pág. 74)

O livro conta a história de Téo, um estudante de medicina que se "apaixona" por Clarice, uma jovem de espírito livre que tem o sonho de se tornar roteirista de cinema. Eles se conhecem em um churrasco e apesar de flertar um pouco com Téo, Clarice não quer nada sério com o rapaz. Ele decide então sequestrar a moça, achando que passando um tempo juntos ela finalmente pode se apaixonar por ele.

Desde o início fica muito claro que Téo é um psicopata, não só pela história dele com Clarice, mas também pela forma como ele fala da mãe e das outras pessoas, com total indiferença e ausência de sentimentos.

O livro é contado a partir da visão e percepção de Téo, o que deixa a loucura do personagem ainda mais evidente. A gente consegue acompanhar toda a fantasia que ele cria em torno da história, além das explicações que ele tem para determinado comportamento de Clarice (coisas do tipo: claro que ela não está chateada porque foi sequestrada, ela está chateada porque não tomou sopa de abóbora hoje) e a certeza de que apesar de tudo o que ele fez (tentar conquistar Clarice, claro) eles vão ficar juntos e viverem felizes para sempre.

Apesar de se dizer apaixonado por Clarice, fica muito claro que o caso está longe de ter a ver com sentimentos (até porque psicopatas não tem disso, né gente?), é pura obsessão.

Outra característica de Téo, é que ele é extremamente machista e homofóbico e os comentários que ele faz (tão naturalmente) sobre os assuntos mostra ainda mais o quanto a sua mente é perturbada.

Dias Perfeitos passa longe de ser um livro óbvio e quando você tem certeza do que vai acontecer em seguida, ele dá um tapa na sua cara e muda todo o rumo da história.
Para finalizar, eu gostaria de dizer que Dias Perfeitos me lembrou muito um outro livro que li há alguns anos: O Colecionador. Apesar de ser bem diferente no rumo da história, o livro de John Fowles tem a mesma base de Dias Perfeitos (o moço também sequestra a moça para ela se apaixonar por ele) e é um dos meus livros preferidos. 

P.S.: Apesar de ser ficção, eu não consigo deixar de relacionar a história de Clarice com a de tantas outras mulheres. Não que toda mulher teve um namorado maluco que sequestrou ela, mas grande parte das mulheres já esteve em um relacionamento abusivo, onde o cara mostrava para a sociedade o quanto o namoro/casamento deles é perfeito enquanto a mulher sofre todo o tipo de abuso físico e psicológico (sutis ou não) e fica "presa" ao relacionamento por diveeeeeersos motivos.

Comentários

  1. Oláá Dani,
    Nossa ainda não conhecia este livro, nem havia lido uma resenha sobre ele, mas agora fiquei mega curiosa!!!!
    *Desculpa o sumiço a faculdade chegou chegando. rsrsrs
    Bjoos


    Jovem Literário

    ResponderExcluir
  2. Olá, Daniella.
    Quando comecei a ler a resenha já me lembrei de O Colecionador também, que também adorei. J[á tinha visto muitos comentários positivos sobre esse livro, mas ainda não tinha lido sobre o que era. Como já li um livro do autor e gostei e achei essa ideia interessante, vou ler esse. Valeu pela dica.

    Blog Prefácio

    ResponderExcluir
  3. Interessante esse livro, eu leria pois gosto do estilo, mas a capa não me conquistou. Sua resenha está boa, bem curta e objetiva. Fiquei curiosa para saber se ela conseguiu se libertar do seu namorado psico, haha, vou ter que ler para descobrir!

    http://www.leitorasvorazes.com.br/

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. A capa vai fazer mais sentido quando você ler. kkkkkkkkkkkk
      Espero que goste! :)
      Beijo

      Excluir
  4. Oiii Dani, tudo bem? Eu odiei o livro :P Essa é a resenha mais crítica que já fiz no blog. É que acabei me decepcionando muito com o livro e ao contrário de você, achei tudo muito óbvio.
    Depois fiquei sabendo de O Colecionador que é um livro que eu adorei e achei melhor desenvolvido.
    Realmente essa história acontece com muitas mulheres. Não exatamente desse jeito, mas acontece.
    Quando li, fiquei com muita raiva da Clarissa, mas hoje, já tenho um entendimento melhor, e sei que muitas vezes é difícil se livrar de uma pessoa assim.
    Beijooooos
    http://profissao-escritor.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi, Gih!
      Que pena que você não gostou, mas eu entendo sua opinião. Acho que esse é o tipo de livro que ou você ama ou odeia mesmo. kkkkkkkk
      Beijo

      Excluir
  5. Oi :D
    Não li o livro mas ele esta na minha lista de leituras desse ano!
    Bj


    @saymybook
    saymybook.blogspot.com

    ResponderExcluir
  6. Man, todo mundo comenta que esse livro tem partes copiadas de 'O Colecionador', pretendo ler ambos para ter uma ideia melhor sobre isso.
    Ja li um livro de contos do Raphael chamado 'O Vilarejo' que achei divertido. Gostei da escrita dele.
    xoxo

    Planeta94.blogspot.com

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eu não acho que seja igual ao colecionador, mas a ideia é exatamente a mesma. O Colecionador é um dos meus livros preferidos, mas acho que os dois merecem ser lidos. :)
      Eu ouço falar muito bem de todos os livros do autor, pretendo ler outros. ^^
      Beijo

      Excluir
  7. Oi Dani!
    Eu gostei bastante desse livro, não costumo ler nada do gênero e consegui me apegar a história.
    Os personagens são bem envolventes e a escrita do Raphael é maravilhosa.
    Beijos
    http://estante-da-ale.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir

Postar um comentário