Capitulo 2

"Uma cerveja, uma furadeira e cinco mil dólares!"

Cheguei em casa com certa dificuldade a chuva e o peso daquela espada me atrapalharam bastante. Coloquei sebby-chan(meu guarda-chuva) na prateleira e fui andando pela cala tirando minhas roupas molhadas. 

–Cinco mil dólares! santa merda, onde você tava com a cabeça Anne Tompson! hãn? me responde?- falava consigo mesma enquanto olhava o embrulho colocado cuidadosamente no sofá.- Agora nem sei onde colocar esse trambolho!
Eu estava brava comigo mesma geralmente sou uma pessoa controlada. Evito gastar com besteira, mas dessa vez eu me superei. Peguei meu celular e mandei uma mensagem para Dylan

sms: Dylan seu pão com ovo, quero você aqui em 5 minutos! Sem desculpazinhas! E traga sua furadeira!

Coloquei o celular na mesa e fui para cozinha. elo menos o café que fiz de manhã ainda estava quente. Abri a segunda gaveta do armário da cozinha peguei uma maço de cigarros e o meu esqueiro. Não costumo fumar, só as vezes quando me irrito ou quando me sinto solitária. Minha mãe fumava e o cheiro é meio reconfortante. Motivo escroto para fumar, eu ja sei, mas como disse... é só as vezes.

Olhava a fumaça dançar no ar fazendo formas abstratas estava viajando quando ouvi um estrondo vindo do meu quarto. Quase cai da cadeira, mas juntei toda minha coragem que era quase nula e subi as escadas, a porta do meu quarto estava entre aberta eu não conseguia ver nada lá dentro, ainda eram por volta da três e meia da tarde não deveria estar tão escuro assim.Senti uma brisa gelada tocar meu corpo que estava coberto apenas pelo meu conjunto delicado de sutiã e calcinha. 

– Vamos lá Anne. Esta tudo bem. N-não existem essas coisas de bicho papão e afins.- Repeti isso como se fosse um mantra andando a passos de tartaruga. Empurrei a porta com força me aproveitando do impulso pra esmurrar o interruptor.

A luz invadiu o lugar revelando a causa do estrondo, um quadro que ficava na parede onde a cabeceira de minha cama ficava havia caído e o vidro que protegia a pintura se resumia a meros caquinhos.

– Isso vai me dar um trabalhão pra limpar. 

Peguei meus chinelos no canto do quarto vesti um short e uma camisa de manga longa. Agora vestida e munida de vassoura e pá, era hora de arrastar a cama e limpar tudo. Minha cama era pesada, uma cama box king size com dossel. Tanaka-san me chamou de retardada quando disse que queria uma cama grande com dossel. Fazer o quê, eu sempre gostei de coisas estranhas... Não é atoa que acabei de dar cinco mil pratas numa espada mais velha que o tempo!

Estava quase acabando de limpar o quarto quando minha campainha tocou. "Dylan" pensou enquanto corria para abrir a porta. E lá estava ele, com a caixa de ferramentas em uma mão, uma sacola de super mercado em outra e uma cara que dizia. "Que merda cê ta aprontando pessoa?"

– Preciso mesmo convidar pra entrar?- disse assim que o vi empacado no vão de entrada

– Dizem que sim... sabe... etiqueta, educação... coisas assim- ele falava com aquele tom de quem ta dando um concelho- Mas é claro que essas coisas não fazem parte de você né?

Só os deuses sabiam o quanto eu amava quando ele me olhava daquele jeito, a voz dele me reprovava, mas o olhar se divertia sabendo que logo depois da patada eu responderia com alguma piada. "Hoje não gato!"

– O que tem na sacola? - disse me segurando pra não rir da cara de decepção dele.

–Cerveja! - Ele sacudia a sacola no ar- Furadeira combina com cerveja!- me deu uma e pegou uma pra si. -Então.... O que vamos furar hoje?

–Meu quarto!- levantei levando a cerveja em uma mão e o embrulho mais caro do mundo em outra, seguindo para o quarto no andar de cima.

Coloquei o pacote em cima da cama terminei de juntar os cacos de vidro do quadro.
– Redecorando? - Ele estava sentado na cadeira do meu pc tirando o tennis.

–Na verdade, eu comprei essa espada hoje e justo quando estava pensando onde coloca-la, o quadro que você sempre detestou caiu. Da tive a ideia de por ela aqui.

–Espada?- Ele agora vestindo apenas calça jeans olhava curioso o embrulho na cama.

–Sim. Lembra do que te contei, que fui derrubada essa semana no meio da rua e me levaram pra uma lojinha onde um senhor gentil se ofereceu pra concertar o sebby-chan?
–Lembro...

–Então, fui lá hoje buscar o sebby-chan quando vi essa espada. Num impulso insano. Comprei!- Comecei a abrir o embrulho,o Sr. Whats foi gentil em me dar os suportes pra parede de brinde. os peguei e entreguei para Dylan que me olhava com cara de tonto.

– Você, comprou uma espada?

–Falei grego?

–Não, é só que você só cede a impulsos quando o assunto é sapatos e jogos....- Ele coçava a cabeça confuso. -Quanto foi?

Meu coração falhou uma batida. Tomei um longo gole da minha cerveja, respirei bem fundo.

–C-cinco

–Cinco o que ?

–C-cinco mil dólares- sussurrei.

Dilan deixou os suportes caírem, ele respirou fundo um, duas, quatro vezes , olhou pra mim, olhou pro embrulho na cama, respirou de novo, abriu a boca pra falar e fechou logo em seguida.

–CINCO MIL DÓLARES ANNE TOMPSON? VOCÊ COMEU MERDA ?- ele me segurava pelos ombros me olhando furioso e incrédulo .Seus músculos definidos estavam tensos. - Meu Deus garota! dessa vez você se superou no quesito irresponsabilidade!- Dylan era 2 anos mais velho que eu e sempre cuidou de mim como sua irmã mais nova.

–E-eu - tentei falar mas fui interrompida.

–Você porra nenhuma! Se o Yashiro descobre uma merda dessa categoria, ele te mata!- ele havia me soltado e tava de costas pra mim respirando.- Desculpa. - ele falou depois de um minuto.

– Você ta certo Dylan. eu sei que fui estupida.- eu nesse ponto ja tentava não chorar-Eu não estava pensando claramente.

–É obvio que não... mas já ta feito.- ele veio até mim e se abaixou um pouco limpando uma lagrima que teimou em escorrer.- Me mostra, deixa eu ver essa espada feita de pele de panda.- o olhei confusa.-O que? pra ser cara assim , so sendo de pele de panda!

Eu não pude conter o riso enquanto abria a caixa, removi o papel seda que envolvia a espada e dei espaço pra Dylan poder vê-la. Não consegui definir bem a expressão dela ao vê-la, era um misto de choque com admiração com... medo?

–Você vai pendurar isso ai em cima da sua cama?- ele falava sem tirar os olhos do adorno principal da Last umbra. 

–É essa a intenção. - disse tomando o ultimo gole da minha cerveja. 

–O-ok. So não estranhe se eu me recusar a dormir no seu quarto!

–Você começou a se recusar a dormir comigo desde que percebeu que tinha desenvolvido peitos, animal! - disse caminhando pra fora do quarto pra buscar mais um cerveja, ainda tive tempo de ver ele ficar vermelho. Provavelmente lembrou do dia que quase fizemos coisas que não deveríamos. Sim caro amigo, nos já nos beijamos. Não. Não sinto nada por ele além de amor de irmão, e foi justamente por causa daquela madrugada que descobrimos isso. Sabe como é, frio, neve, um filme de terror, dois adolescentes.Aconteceu. Mas antes de acontecer algo mais quente, caímos na risada jurando que nunca mais faríamos aquilo de novo!

A chuva caia de leve la fora, já estava escurecendo. Tinha duas latas de cerveja na mão e um cigarro na boca. Ouvi a furadeira ser ligada. Olhei sebby-chan pendurado na penteadeira e lembrei do que o Sr Whats me disse quando me entregou a espada.

"- Não me leve a mal pequena, mas aconteça o que acontecer. Cuidado com a lamina dessa espada. É muito afiada. Por ser um item antigo, não é um boa ideia se cortar nela. Pode desencadear reações anormais."

Não é como se fosse ficar por ai brincado de Rei Arthur. Achei bonitinho da parte dele se preocupar assim, mas ainda assim o tom que ele usou e sua expressão ao falar foi no minimo estranho.

– Anne sua folgada! Cadê minha cerveja?!?- Fui tirada de meus devaneios pelos gritos vindos do andar de cima.
–Já vou criatura desprovida de paciência!
Subi as escadas, gritando e rindo com Dylan, Alheia a sombra com olhos vermelho e sorriso maligno que me observava pelo reflexo da TV.