Hoje eu acordei (literalmente) com a noticia que o escritor baiano João Ubaldo Ribeiro morreu. Eu ainda estava na cama quando meu padrasto apareceu dizendo: Daniella, acorda que o lagarto não está mais sorrindo e o Sargento Getúlio está de luto!
A literatura brasileira perdeu um grande escritor hoje e eu resolvi fazer uma modesta homenagem. Não vou postar "Viva o Povo Brasileiro", nem "A Casa dos Budas Ditosos", porque esses todos os jornais estão mostrando hoje. Quero mostrar outros títulos que não são tão conhecidos assim, mas que também merecem ser lidos.
Setembro não tem sentido
Escrito em 1968, esse foi o primeiro Romance de João Ubaldo Ribeiro. Romance de enredo não-linear que mostra cenas da vida de um grupo de intelectuais baianos durante a Semana da Pátria. Escrito por João Ubaldo Ribeiro aos 21 anos, o livro já apresenta a veia satírica e o domínio da linguagem que contribuíram para torná-lo conhecido mundialmente.
Um Brasileiro em Berlim
A nova edição de "Um brasileiro em Berlim" foi especialmente desenvolvida para os que pretendem assistir à Copa da Alemanha ou simplesmente compreender melhor o país que sediará a Copa de 2006. Nas crônicas de João Ubaldo estão análises refinadas e bem-humoradas das diferenças culturais entre os dois países. Um novo texto do autor, repleto de dicas para quem quer conhecer melhor o país da Copa do Mundo, foi escrito especialmente para a nova edição, que traz também as divertidas ilustrações do gaúcho Cruz. (o livro original foi escrito em 1995)
Arte e Ciência de Roubar Galinha
O livro traz algumas das melhores crônicas de João Ubaldo Ribeiro, publicadas na imprensa, em torno da ilha de Itaparica. É assim que ele descortina para o leitor as suas memórias de infância e juventude, o seu dia-a-dia na ilha, os caos e conversas com personagens locais, representantes reais da gente brasileira. Lançado em 1999.
Diário do Farol
Diário do farol é o relato autoral de um clérigo amoral e inescrupuloso, que no outono da sua existência resolve inventariar seu rosário de maldades, perpetradas com requintes extremos desde a infância no seminário - de início, sob o pretexto de vingar os maus-tratos do pai; posteriormente, ainda mais sofisticadas, devido ao desprezo de uma mulher.
Auto-exilado numa ilha onde pontifica um farol, o bilioso e mesquinho padre dialoga com o leitor para provocá-lo com uma realidade na qual não há bem ou mal, e assim tentar demovê-lo de qualquer noção redentora. Conseguirá? Para ele, não há transcendência, o Universo nos é indiferente e a todos foi negada essa Revelação. Não por acaso, o farol de sua ilha chama-se Lúcifer, ´aquele que detém a Luz´.
O leitor é advertido desde a epígrafe: ´Não se deve confiar em ninguém´. A vida real é feita de rupturas, exceto para aquela maioria dos homens que perde a oportunidade de viver de fato por nunca romper com nada realmente importante, adverte-se. Num testemunho insidioso, que concilia situações hilariantes com outras de horror repulsivo e escatológico, somente o cinismo impera. Nisso, põe-se o padre a fazer troça dos ´católicos que acreditam nas besteiras do catolicismo´ e a manipular todos, fiéis ou descrentes, para atingir seus fins amorais, chegando à sofisticação de submeter-se voluntariamente a sessões de tortura para dar vazão a seus caprichos vingativos.
Um mal que - posto em tom neutro como só é possível por meio de uma arte superior como a literatura - nos permeia a todos e nos leva a refletir sobre nossa condição social e humana. Um mal na sua essência, que nada tem de panfletário e denunciador, que encontra solo fértil na sociedade e no sistema político atuais. Lançado em 2002.
Auto-exilado numa ilha onde pontifica um farol, o bilioso e mesquinho padre dialoga com o leitor para provocá-lo com uma realidade na qual não há bem ou mal, e assim tentar demovê-lo de qualquer noção redentora. Conseguirá? Para ele, não há transcendência, o Universo nos é indiferente e a todos foi negada essa Revelação. Não por acaso, o farol de sua ilha chama-se Lúcifer, ´aquele que detém a Luz´.
O leitor é advertido desde a epígrafe: ´Não se deve confiar em ninguém´. A vida real é feita de rupturas, exceto para aquela maioria dos homens que perde a oportunidade de viver de fato por nunca romper com nada realmente importante, adverte-se. Num testemunho insidioso, que concilia situações hilariantes com outras de horror repulsivo e escatológico, somente o cinismo impera. Nisso, põe-se o padre a fazer troça dos ´católicos que acreditam nas besteiras do catolicismo´ e a manipular todos, fiéis ou descrentes, para atingir seus fins amorais, chegando à sofisticação de submeter-se voluntariamente a sessões de tortura para dar vazão a seus caprichos vingativos.
Um mal que - posto em tom neutro como só é possível por meio de uma arte superior como a literatura - nos permeia a todos e nos leva a refletir sobre nossa condição social e humana. Um mal na sua essência, que nada tem de panfletário e denunciador, que encontra solo fértil na sociedade e no sistema político atuais. Lançado em 2002.
O Albatroz Azul
Vida, morte, renovação. Temas universais que são o eixo em torno do qual se desenrola a trama simples deste belo romance. É a história de um homem muito velho que, apesar de detentor da sabedoria trazida por todos os seus anos de existência, ainda busca apreender algum sentido na vida. Um romance magnífico, destinado a incorporar-se ao melhor patrimônio literário de nossa língua, um momento de rara beleza, daqueles cuja mágica se abre ao leitor desde a primeira página. Lançado em 2009.
Acordei, e também vi logo que ele havia falecido. Uma pena um escritor tão renomeado assim partir, mas felizmente as suas obras irão permanecer para continuar difundindo a cultura baiana.
ResponderExcluirOlá!
ResponderExcluirAcoredei e vi no jornal a notícia e fiquei chocada!
Não sabia que estava doente...! É uma grande perde para a literatura nacional!
Um beeijo Lara.
Blog Meus Mundos no Mundo | | Página Coração Furta-Cor