A Rainha do Crime
Agatha
Christie é, e sempre será, a Rainha do Crime. Soberana dos romances
policiais, vendeu bilhões de livros pelo mundo e foi traduzida para
45 línguas, sendo ultrapassada em vendas somente pela Bíblia e por
Shakespeare. Nasceu Agatha Mary Clarissa Miller, em 15 de setembro de
1890, na cidade inglesa de Torquay, mais precisamente na mansão
Ashfield. Cresceu ouvindo as histórias de Conan Doyle, Edgar Allan
Poe e Leroux, contadas por sua irmã mais velha, Madge. Mas foi a mãe
que lhe incentivou a começar a escrever contos, quando um forte
resfriado fez a menina Agatha ficar alguns dias de cama. Anos mais
tarde, continuaria escrevendo encorajada por Eden Phillpotts,
teatrólogo amigo da família. Já famosa diria que, no início,
todas as suas histórias eram melancólicas e que a maioria dos
personagens morria no final.
Em
1914, casou-se com o Coronel Archibald Christie (a quem ela chamava
de Archie), piloto do Corpo Real de Aviadores. Com ele, além de
herdar o nome com a qual se tornaria a maior celebridade dos romances
policiais, Agatha teve uma filha, Rosalind. Deram a volta ao mundo
juntos e, ao lado dele, a jovem Agatha chegou até a surfar em
Honolulu. O divórcio entre os dois aconteceria em 1928.
O
romance de estreia daquela que viria a se tornar a Rainha do Crime, O
misterioso caso de Styles, foi concebido no final da
Primeira Guerra Mundial. Foi depois de trabalhar como enfermeira,
quando fora transferida para o dispensário que, junto aos
medicamentos, voltou a pensar na ideia que mudaria para sempre a sua
vida, como mostra o texto publicado em sua Autobiografia (publicada
no Brasil em 1979 pela editora Nova Fronteira):
“Foi
quando trabalhava no dispensário que concebi a ideia de escrever uma
história policial. Essa ideia permanecia em minha mente desde o
tempo em que Madge [sua irmã] me desafiara a escrevê-la – e meu
atual trabalho parecia oferecer a oportunidade favorável. Ao
contrário da enfermagem, onde sempre
havia o que fazer, o serviço do dispensário tinha períodos muito
atarefados e outros mais frouxos. Às vezes eu ficava de serviço só
a parte da tarde, praticamente sentada o tempo todo. Depois de
verificar que os frascos de remédios estavam cheios e em ordem,
tinha liberdade para fazer o que quisesse, desde que não abandonasse
o dispensário. Comecei a considerar que espécie de história
policial poderia escrever. Visto que estava rodeada de venenos,
talvez fosse natural que selecionasse a morte por envenenamento.
Congeminei um enredo que me parecia ter possibilidades. Essa ideia
permaneceu na minha mente, gostei dela e, finalmente, aceitei-a.
Depois tratei da dramatis personae. Como? Por quê? E tudo mais.
Teria que ser um envenenamento íntimo, devido
à maneira especial como seria acometido o crime; teria que passar-se
em família, ouso dizer assim. Naturalmente, teria que aparecer um
detetive. Nessa altura, achava-me mergulhada na tradição de
Sherlock Holmes. Por isso pensei logo em detetives. Não poderia ser
como Sherlock Holmes, é claro: teria que inventar algo diferente,
bem meu, mas também ele teria que
ter um amigo íntimo, uma espécie de ator contracenante – não
seria tão difícil assim! Retornei a meus pensamentos a respeito dos
outros caracteres. Quem seria assassinado? (...) O verdadeiro
objetivo de uma boa história policial é que o assassino seja alguém
óbvio e que, ao mesmo tempo, por certas razões, descubramos que não
é óbvio, e que, afinal, possivelmente não fora essa pessoa que
cometera o crime.”
E
assim nasceu O misterioso caso de Styles, trazendo pela
primeira vez o detetive belga Hercule Poirot, personagem que
conseguiria ser quase tão popular quanto Sherlock Holmes. E não só
esse livro, como outros, foram influenciados pelo trabalho de Agatha
no dispensário e possuem mortes por envenenamento.
Em
1926, após ter lançado a média de um livro por ano, Agatha
Christie escreveu aquela que ficou conhecida como sua obra-prima: O
assassinato de Roger Ackroyd. O livro, primeiro publicado
pela editora Collins, marcou o início de um relacionamento
autor-editor que durou meio século e rendeu 70 títulos. O
assassinato... foi também o primeiro dos livros de Agatha a
ser dramatizado – sob o nome de Álibi – e a
fazer sucesso na West End de Londres. Mas o seu mais famoso texto
levado ao teatro, A ratoeira, estreou em 1952 e é a peça
que mais tempo ficou em cartaz em toda a história.
Agatha
casou-se pela segunda vez em 1930 com o arqueólogo Sir Max Mallowan,
14 anos mais jovem. E foi ao lado dele que a escritora viajou para o
Oriente Médio, apaixonou-se pelo Egito e inspirou-se para criar
histórias como Morte
no Nilo e E
no final a morte.
Em
1971, Agatha recebeu o título de Dama da Ordem do Império
Britânico. Faleceu em 12 de janeiro de 1976, de causas naturais, aos
85 anos de idade em sua residência (Winterbrook), em Wallingford,
Oxfordshire. Foi enterrada no Cemitério da Paróquia de St. Mary, em
Cholsey, Oxon.
Além
de um patrimônio avaliado em 20 milhões de dólares, deixou algumas
obras prontas, publicadas postumamente, como Um
crime adormecido,
sua Autobiografia e
a coleção de pequenas histórias Os
casos finais de Miss Marple, Enquanto houver luz e Problem
at Pollensa.
Ao
todo, é autora 66 novelas policiais, 163 histórias curtas, duas
autobiografias, vários poemas, e seis romances “não crime” com
o pseudônimo de Mary Westmacott. Pioneira em criar desfechos
impressionantes, verdadeiras surpresas para os leitores, seus textos
seguem fascinando as novas gerações.
Sua
única filha, Rosalind Hicks, morreu em 28 de outubro de 2004, também
com 85 anos e, assim como a mãe, de causas naturais. A partir de
então, os direitos sobre a obra de Agatha Christie passaram a
pertencer ao seu neto, Mathew Princhard.
Fonte: LPM
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