Capitulo 10.








Um novo Olhar.



Assistia enquanto ela ia de um cômodo a outro da casa, estava agitada. Odiei ter sido interrompido por aquele infeliz que agora dormia no outro quarto, quem ele pensava que era pra se meter assim em meus assuntos? Cuidaria dele depois.
Anne se vestia apressadamente. Enquanto trocava a calça lembrei-me da primeira vez que a vi. Ela caminhava despreocupada pela rua. Trajava uma espécie de uniforme escolar. Senti o cheiro de sua pureza. Precisava achar um meio de atraí-la. Tentei chamá-la por diversas vezes, ate perceber que aquele enfeite que usava na orelha impedia que ouvisse qualquer coisa. Quanto mais os dias se passavam mais impaciente eu ficava. Eu precisava dela, mas aquela criatura de cabelos vermelhos sangue não me dava atenção, mesmo quando tentei tocar seu ombro ou fiz minha sombra ser refletida na vitrine. Nada parecia funcionar. Então meses depois e milhões de planos falhos, veio uma tempestade. Seria simples e rápido. Empurraria de leve um homem que passava ao seu lado, fazendo pisar nas amarras soltas de seu calçado, depois faria o aparelho eletrônico da mulher que vinha na direção contraria. Foi divertido ver o resultado. Agora era só aumentar a intensidade da luz na loja e "voilà". Ela estava finalmente ao meu alcance. Ouvia enquanto ela conversava com aquele velho escroto. Passei os últimos anos encarregando-me de fazer da vida daquele inútil um inferno e ironicamente ele seria a ligação com Ela!


–Não me importa como, mas faça-a voltar!- Ordenei ao velho que pegava uma bebida para a moça. - Irá fazê-la voltar e entregara a espada a ela!
– Mas...- tentou falar.
–Basta!- Cortei-o - É isso, ou me entregará o sangue dos seus filhos!
A jogada do idiota foi até que boa. Ela voltaria em dois dias. e Então tudo seria uma questão de tempo e paciência.
Não posso dizer que não gostei de ter aquela mulher em meus braços, gemendo meu nome. Fazia muito tempo que não saciava essa fome em especifico. Anne era incrível, mesmo sem experiência no assunto. Seu corpo apesar de pequeno tinha curvas perfeitas. Deleitei-me com sua confusão ao perceber que era tudo realidade, sempre fui viciado em desafios, e a coragem dela em me desafiar, mesmo estando completamente imobilizada e ao meu dispor foram só mais um grande incentivo para prosseguir.
Não me agradava aquele tal de Dylan tocando-a, aquela humana era minha. Mas não havia muito que pudesse fazer.Por enquanto.
– Khali? - chamou-me timidamente. Finalmente. Estava ficando irritado com a demora de Anne! Ela está assustada. Posso ouvir sua respiração acelerada e batimentos cardíacos irregulares claramente daqui! Agora poderemos continuar nossa conversa que foi bruscamente interrompida por aquele garoto inconveniente.
– Estava a sua espera minha Pequena.
–Precisamos conversar!- Se ela soubesse como fica sexy fazendo essa cara de brava.
–Sim, ainda espero você me dizer o que passou pela sua cabeça ao me apelidar de Khali!! - Aumentei minha voz dois tons acima.
–N-não tive escolha!- Ela estava com medo. Adorava o cheiro do medo dela. - Mas o que tenho pra falar é importante.- E lá estava o que mais gostava nela. Mesmo com medo, sempre achava uma forma de superar.
–Estou ouvindo.
–Preciso saber o que é você afinal? Quer que o liberte, mas não sei por que esta preso!- Ela tremia esperando uma resposta.
–Não gosto de ser interrogado, Anne!- essa conversa não ia acabar bem! Malditos humanos!- O que acha que sou?
– Um demônio?- respondeu incerta.
–Acha que sou um demônio?- ri com aquilo. Acho incrível a capacidade desses seres inferiores de dar nomes as coisas que não entendem - Posso ser um se assim desejar!
–Não!- Sussurrou .- Não quero que você seja nada além de você! Mas, preciso saber o quão fodida estou!
–Muito. E bem fodida, se me permite a falta de humildade. - 1,2,3 e lá está, um novo tom de vermelho em sua bochecha. Nunca me canso disso!
–V-você é louco!- Gaguejou.
– Não sou eu quem está falando com uma espada na parede Anne!
–Por favor Khaliadranosh- Sentou na cama colocando a mão no rosto.- Entenda minha posição... Quero libertá-lo, mas quero fazer isso sabendo o que fiz!- Por essa eu não esperava!
–Minha pequena - Não acredito no que vou fazer... Ela me olhava atentamente esperando que continuasse - Passei os últimos milênios de minha existência preso nessa porcaria de espada. Apesar de hoje me encaixar na definição humana de Demônio, já fui venerado como um deus do Caos. A fome foi minha companheira por anos, ate que descobri que poderia me alimentar do sangue que era derramado na lamina da espada. Conforme os humanos que me usavam como arma me alimentavam e eu me tornava mais forte. Logo tinha poder suficiente pra manipular aqueles que entravam em contato com a espada, daria o que eles quisessem desde que me mantivessem saciado e jurassem lealdade. - Ela analisava cuidadosamente cada palavra que ouvia.
Andava de um lado a outro, mordendo a ponta do dedo, olhou pra mim e saiu correndo. Não me preocupei, sabia aonde ela ia. Não demorou muito pra ouvir o estalar do isqueiro. Voltou para o quarto e continuou a andar, às vezes sentava, mas levantava logo em seguida. Dois cigarros depois ela me encarava, seu olhar mostrava que havia tomado uma decisão. retirou a espada do suporte e livrou-se da bainha.
–Como faço isso?- Não entendi de primeira. - O que preciso fazer pra te libertar? - "ela ia mesmo me soltar?"
– Apenas preciso do seu sangue... - Falei calmamente.
–Você é realmente louco?- "Que infernos, quer me libertar ou não?!"
–Na verdade Anne, insano, sádico, caótico, cruel, agressivo e sexy combinam mais comigo do que simplesmente louco!!- A cara que Anne fez foi estranha, pra falar o mínimo.
–Khali...-sussurrou
–Meu nome é Khaliadranosh. - Perdi a paciência. - Não quero que me chame por esse apelido escroto. Não me importa o que tenha que dizer para se livrar daquele moleque inconveniente, mas quando se dirigir a mim, use MEU nome! - Admito que vê-la nos braços de outro me incomodou mais do que esse apelido diminuto.
– Desculpa. Não quis ofender... - Respondeu baixinho de cabeça baixa. Estávamos perdendo tempo com toda essa discussão idiota.
Ficamos um tempo em silencio. Ela estava pensativa, distante. Então em um gesto idiota bateu na própria testa.
– Quase ia esquecendo! O Sr Whats morreu!- Ela parecia esperar alguma resposta.
–Já Sabia disso... - fiz pouco caso da "noticia".
–V-você o m-matou?- Seu olhar estava cheio de acusações.
–Infelizmente, não. - Continuava me encarando - Gostaria de tê-lo matado com minhas próprias mãos, mas não o fiz.
– Mas ele era um senhor tão bom! - Sabe de nada inocente.
– Bom? - Ri com gosto daquele adjetivo. - Aquele velho era tudo menos "bom"!
– Não entendo!
–Como acha que sou alimentado minha Pequena?- ah o efeito do sarcasmo era fascinante. Ela tirou do bolso um papel dobrado.
–Com sangue?- perguntou ainda olhando aquele papel estranho.
– Exatamente. Como não estamos mais nos gloriosos tempos das espadas, ele tinha que achar outro meio de me saciar!- Se eu tivesse uma consciência, ela com certeza estaria pesada com a expressão de decepção e tristeza que a minha Anne fez.- E ele não reclamou nem um pouco em passar essa responsabilidade pra você! - Falei demais! "Khaliadranosh seu burro!"
– Como assim? - Sobrancelha levantada, coração batendo rápido, respiração entrecortada. É ela estava irritada.
– Quando você apareceu naquela pilha de poeira e velharias, ordenei que ele me entregasse a você.- "O que é um peido pra quem ta cagado?" - Ele, não concertou seu guarda-chuva por que era um velho bonzinho e preocupado! Ele precisava fazer você voltar pra loja, voltar pra mim.
–Por que eu?
– Por quê? - Não ia dizer a verdade e correr o risco dela mudar de ideia. - Quando a vi entrar machucada naquela loja, com um sorrisinho amarelo tentando diminuir a preocupação daquelas pessoas, quis cuidar de você, não entendia e não entendo ainda o por que depois de milênios adormecido, meu coração despertou ao sentir o seu cheiro. Queria poder tocá-la, sentir seu cheiro... - utilizando uma pequena parcela do meu poder, toquei sua face. Mesmo preso aqui estava conectado a ela. Podia fazer um ou dois truques dessa forma. -Queria que fosse minha. Queria estar ali, cuidando de você. - Senti o cheiro de sua excitação. Era agora. - Mas não posso fazer muito preso aqui!! Toda vez que vejo você nos braços daquele Dylan, meu corpo se contorce de raiva, raiva por estar aqui e ter que esperar ate que durma para tê-la em meus braços, e ele?- Ri nasalado. - Pode fazer isso sempre que quer! - Ela me olhava com um brilho nos olhos- Me liberte Anne. -Sussurrei em seu ouvido. - Deixe-me ser seu por completo!


Levantou-se da cama e retirou a espada do suporte. Ouvia seu coração batendo de ansiedade, olhava atentamente cada detalhe da maldita arma agora fora de sua bainha. fechou sua pequena e delicada mão na lamina da espada.

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